HIV positivo não é o fim, mas o recomeçar de uma nova vida
Autor(a):
V.S.
Meu nome é V.S. Prefiro assim, pois existem muitos preconceitos - algumas pessoas pensam que o HIV se pega ao abraçar e que estão imunes a ela. Também criticam quem tem - mal sabem elas que a aids não escolhe raça, religião e cor.
Nunca imaginei que poderia acontecer em minha família, primeiro com meu irmão que, depois de passar mal e de vários exames, infelizmente veio a confirmar tinha contraído de sua namorada. Depois do diagnóstico, nunca mais voltou ao médico. O medo do preconceito o fez se isolar e beber cada vez mais. Ele não queria se tratar e ninguém tentou fazer com que ele mudasse de ideia. Foi muito triste, mas tentamos levar nossa vida.
Passado algum tempo, conheci o meu marido. Com pouco tempo de namoro fomos morar juntos. Na época, não sabia que meu sofrimento só iria piorar. Tive minha primeira relação sexual com ele. Não usávamos camisinha, pois só me cuidava para não engravidar. Com isso, adquiri uma DST e o início dos problemas.
O médico pediu para que nós fizéssemos alguns exames. Os meus deram todos negativos, mas o do meu marido foi positivo para HIV. Ele ficou louco, começou a me tratar muito mau. Parecia até que eu era a culpada, que eu tinha passado aquilo para ele. Não conseguia entendê-lo... Apesar de ele me tratar mau, eu tentava acalmá-lo. Me perguntava como ele pegou a doença.
Depois da confirmação, passamos a usar camisinha, Eu sempre repetia meus exames: foram 11 com resultado negativo. Quando pensei que não daria mais nada, me deparei com o HIV pela terceira vez.
Queria sumir naquele momento. Eu, com apenas 19 anos, pensava estar condenada a morrer. Como pude me enganar tanto com uma pessoa! Quantas perguntas sem resposta. Meu marido não falava nada, pois ele me devia pelo menos uma explicação... Descobri que ele havia contraído na adolescência de seu próprio tio, homossexual e que veio a falecer pelo HIV.
Fiquei chocada, sentia nojo dele. Não tinha mais sentido continuar com ele... Voltei para casa de minha mãe, de onde eu nunca deveria ter saído, na hora que ela mais precisava de mim: há três anos, meu irmão vinha sofrendo muito por conta da aids. Na mesma época que me separei, ele deu entrada no hospital. Nessa época, ele sofreu vários dias, pois as doenças oportunistas foram aparecendo. Ele ficou cego, surdo e já não andava mais. Não havia mais o que fazer, era muito tarde para o tratamento... Apesar disso, eu não saia de perto do meu dele. Infelizmente, ele veio a falecer...
Minha mãe entrou em depressão e eu quase enlouqueci. Não tinha coragem para fazer nada, não conseguia me alimentar... Fiquei arrasada. Como seria meu futuro? Perder dois filhos era muito para a minha mãe! Coloquei isso em mente e fui me tratar.
Já fazem sete anos que meu irmão se foi e, onde ele estiver, deve estar orgulhoso de mim. Continuo lutando contra esta terrível doença, pois não existe cura. Ainda. Espero que um dia descubram. Hoje tomo coquetel e, graças a Deus, não tenho nenhum efeito colateral. Participo de eventos e palestras relacionados à doença, tenho muitos sonhos e irei alcançá-los.
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